CANTO
Já foi difícil falar sobre técnica vocal. Muitos tentaram fazê-lo com clareza e eficiência através de um vocabulário impreciso, de descrições sensoriais e imagens subjetivas, de maneira variável e aproximativa, que dificultava a compreensão levando ao uso de técnicas errôneas e contraditórias.
No entanto, já faz tempo que muitos trabalhos e pesquisas foram realizados sobre a voz (falada ou cantada), seja do ponto de vista anatômico, acústico ou fonético. A maioria das dificuldades foram resolvidas e hoje é possível definir uma técnica vocal baseada nos resultados destas pesquisas, e da experiência profissional. Este fato é levado em conta nas páginas a seguir.
O objetivo é levar ao conhecimento dos cantores, de maneira clara, evitando termos incompreensíveis, tudo aquilo que devem saber sobre o seu instrumento e como utilizá-lo corretamente de acordo com as necessidades, possibilidades e ocasiões.
“
Ninguém perde tempo numa classe de canto, mesmo que não se torne um ótimo cantor. Quanto mais bem treinada for a voz, melhor será o som produzido ”.
(DINVILLE, 1993).
FISIOLOGIA
Aparelho Auditivo
Cantores, mesmo não treinados, já têm formada uma opinião sobre qual tipo de voz que querem usar ou gostariam de ter. Estas avaliações são baseadas em experiências próprias, na escuta de outros cantores e naquilo que a pessoa pensa que ouve na sua voz.
Um cantor ouve a sua voz de duas maneiras: Via aérea (externa) e Via óssea (interna). É difícil identificar a própria voz quando se escuta pela primeira vez numa gravação, pois, se está ouvindo somente pela condução aérea. Um dos auxílios que é de fácil acesso é o gravador, pois, ajuda a detectar auditivamente problemas vocais com dicção, fraseado, respiração e outros.
Aparelho Fonador
O conhecimento da fonação e do aparelho fonador é de grande valor para quem estuda técnica vocal. Fonação é a produção da voz, ou seja, a execução do som vocal, cujo órgão principal é a laringe, onde se encontram a s pregas vocais. O processo de produzir som pela vibração das pregas vocais ocorre quando elas se juntam e a pressão de ar (fôlego soprado) e aplicada simultaneamente com a expiração.
Aparelho RespiratórioFossas nasais – as duas cavidades existentes no nariz, por onde o as penetra no corpo.
Faringe – a garganta.
Laringe – a parte anterior da garganta onde localizam-se as pregas vocais, faz conecção com a traquéia. a) quando se processa a respiração, ela é conservada aberta, permitindo a passagem do ar. b) quando se processa deglutição, é fechada por uma espécie de tampa (epiglote) deixando livre acesso ao esôfago.
Traquéia – O canal que, em continuação da laringe, conduz o ar até os brônquios.
Brônquios – os dois canais que partem da traquéia, onde iniciam os pulmões.
Pulmões – Os dois órgãos do aparelho respiratório, onde acontece a inspiração e a expiração.
Diafragma – Um músculo chato, fino, largo, ligado á superfície interna das costelas inferiores. Separa a cavidade torácica (que abriga os órgãos respiratórios) e a cavidade abdominal. É o principal músculo controlador da inalação.
RESPIRAÇÃO
Como o som é produzido pelo ar, a nossa primeira atenção dirige-se para a respiração. Mara Behlau (fonoaudióloga), comenta em um de seus livros que 80% das pessoas perderam a respiração natural (de nascença), tendo que adquiri-la novamente. O que para alguns não é tarefa fácil. Porém é preciso não desanimar, ao contrário, insistir nos exercícios respiratórios, pois além de auxiliar a melhoria da produção do som, impedem que doenças devidas a falta de movimento diafragmático, instalem-se.
Estágios da respiração
Entendendo o processo respiratório, reconhecendo a sua importância no canto e sabendo utilizá-lo na técnica vocal, podemos obter ótimos resultados no canto.
Podemos controlar a respiração voluntariamente, mas mesmo não exercitando controle consciente, os nossos corpos continuam respirando. Existem três estágios da respiração natural, e ao cantar, acrescenta-se mais um.
Inspiração ou inalação é a tomada de ar, que no canto por vezes deve ser e rápida e profunda dependendo do cumprimento das frases e o andamento da música.
Sustentação ou instalação é usada no cantar, após a inspiração, para estabilizar o som instalando-o em um lugar certo (foco).
Expiração ou exalação, normalmente é uma liberação relativamente rápida do ar. No canto essa liberação deve ser controlada até que a frase seja completada.
Recuperação é o período no qual se retomam as forças, espaço de tempo para um leve repouso a fim de voltar novamente ao ciclo respiratório.
O ar tem que ser renovado ininterruptamente nos pulmões, porque fornece renovação celular e oxigenação do sangue. Distinguimos três tipos (locais) de respiração.
Respiração Diafragmática ou Baixa
Para entender melhor como ela acontece, é necessário sentir como se dá o movimento do diafragma. Esse músculo funciona voluntária e involuntariamente. A respiração diafragmática acontece na parte inferior do tórax, através do movimento de expansão para baixo do diafragma. Embora a barriga não seja o órgão em que o ar é armazenado, e sim o pulmão, é nela que é refletida esta respiração.
Você não deve fazer nenhum esforço para efetuar qualquer tipo de respiração. Pense apenas em conduzir o ar para a região trabalhada.
Exercícios diafragmático: Em pé, apoie as mãos na altura da cintura, sem apertá-la.
Fale vigorosamente em som áfono os fonemas abaixo.
(Somente depois desse exercício passe para o próximo).
Si Si Fi Fi
Re Pe Ti Ka
Fit Fit Fit Fit
Chut Chut Chut Chut - Você deve sentir a sensação expansão
Huit Huit Huit Huit - Você deve sentir a sensação de expansão
Exercício respiratório: Deite de barriga para cima e coloque um livro sobre ela. Inspire profundamente.
Você deverá sentir o livro se mover para cima. Caso contrário, o ar estará indo
para parte superior do tórax, portanto a respiração baixa não estará sendo
realizada.
Respiração Intercostal ou média
Ela acontece na parte média do tórax, através da expansão das costelas. Apesar de ser relativamente fácil de entendê-la a dificuldade está em executá-la com perfeição, ou seja, controlar e manter a expansão das costelas. A respiração intercostal é a que proporciona maior sensação de armazenamento do ar.
Exercício: Coloque as mãos ao lado do tórax na altura das costelas. No momento da inspiração tente
sentir a expansão das costelas.Na expiração tente manter esta expansão recitando frases
como: “Vou manter as costelas levantadas enquanto estiver falando ou cantando”.
(Crie suas frases de trabalho)
Respiração Clavicular ou alta
Esta respiração é conhecida como a respiração do susto. Acontece na parte superior do tórax e é utilizada naturalmente na fala. Está interligada com a respiração média.
Exercício: Coloque as mãos no peito e inspire profunda e rapidamente como num susto.
Este movimento é frontal. Não confunda com a respiração média que é lateral.
COMO EXERCITAR A RESPIRAÇÃO.
Controlar a entrada do ar. Conduzi-lo ao preenchimento completo dos pulmões.
Controlar a saída do ar. Manter estabilidade no fluxo de ar.
Não fazer nenhum esforço muscular. Respirar deve ser um ato mais natural possível.
Direcionar a entrada de ar para as regiões a serem trabalhadas.
Treinar a alternância do ciclo respiratório (alta-média-baixa) a cada inspiração e expiração.
Ex. Inspirar –A-M-B, expirar –B-M-B / Expirar –M-B-A, expirar –A-M-B. etc.
Outros exercícios fáceis
Inspire profundamente. Expire falando frases longas ou lendo um texto sem pontuação.
Inspire profundamente. Numa só expiração, recite os meses do ano várias vezes.
Inspire profundamente. Expire recitando versículos sem pontuação.
Inspire profundamente. Cante frases musicais sem inspirar novamente.
REGRAS BÁSICAS DA RESPIRAÇÃO
2. Ao cantar, respire preferencialmente pela boca e nariz (contrariando a fonoaudiologia).
3. Procure respeitar a frase literária ou musical.
4. A respiração não deve ser ruidosa.
5. Sincronize o ritmo respiratório com o andamento da música.
6. Respire sempre profundamente.
7. Inspirar várias vezes numa mesma frase, ocorre o cansaço mais facilmente.
8. Deixar escapar o ar junto com o som (ar selvagem) é sinal de técnica deficiente ou de uma patologia.
APOIO
Agora que se entende o processo respiratório por completo, deve-se sentir a função do diafragma em relação a um bom apoio.
A expressão “apoio” na linguagem da técnica vocal significa a capacidade de economizar o ar e não gastar, num instante só, todo o ar inspirado. Ele pode ser entendido de diferentes maneiras pelo cantor: apoiar-se no sopro, apoiar-se no diafragma (controlando sua mobilidade) ou apoiar-se no diafragma e no sopro.
Realmente está provado que tanto na voz falada quanto na voz cantada que a atividade diafragmática deve ser constante, já que é a tensão diafragmática que garante a pressão do ar na expiração. Esta pressão é que aciona a prega vocal na produção do som.
A atividade muscular não pára nunca, o que obriga o cantor a um treinamento específico e repetido de modo que tenha a sua disposição uma musculatura firme e ágil, pronto para regular a pressão do ar, a qualquer momento, dependendo das exigências da música.
Pela tradição e experiência, sabemos que a arte do apoio é altamente necessária para uma boa emissão de voz. Um som sem apoio não tem resistência, estabilidade, nem bastante volume.
Com exames de Raios X constatou-se a distinção de dois modos de apoiar.
Apoio Diafragmático – o diafragma permanece na posição da inspiração (baixo e expandido), cerca de segundos, após a saída do som, enquanto as costelas abaixam-se lentamente.
Apoio Toráxico – A caixa toráxica fica mais tempo na posição da inspiração (as costelas se expandem), enquanto o diafragma mantém-se na mesma posição.
Observação: O cantor deve manter a sensação de expansão obtida na inspiração. Como o apoio requer atenção constante e bastante treino, sempre deve ser exercitado após exercícios respiratórios. Apoiar bem constitui uma arte e arte precisa de tempo. Nada se aprende num instante, menos ainda a técnica vocal que é a preparação para a arte de falar e cantar.
RESSONÂNCIA
Ressonância é o sinônimo de qualidade, e para adquiri-la é preciso poder ouvir, dentro de sua imaginação, o som agradável que deseja produzir. Utilizando bem os ressonadores, estamos certos de ter um resultado de boa qualidade.
Quando pensamos em sons agradáveis imaginamos um som redondo, límpido, fluente, claro, livre, cheio, audível, vivo e encorpado. Já o contrário disso seria um som estridente, fino, espalhado, rasgado ou engasgado.
Ressonadores são as cavidades onde o ar é suscetível a vibrar com freqüência determinada por influência do apoio diafragmático. Quer dizer, os ressonadores servem como parada no caminho da viagem do ar (o fôlego soprado que será utilizado na fonação), servindo também como ajustamento desse ar antes de sair o som.
O som ressonado de modo correto parece sair da cabeça, dá a sensação de uma vibração no teto da boca (palato) até o crânio. E também da nuca até o peito. Som ressonado é som amplificado.
A - As linhas indicam a divisão do ar na ressonância palatal, na tessitura mais grave das vozes masculinas e femininas.B - As linhas indicam a divisão do ar na tessitura média.C - As linhas indicam a divisão do ar na ressonância da cavidade da cabeça, na tessitura aguda.1 - Ressonância no seio frontal.
ARTICULAÇÃO
O ser humano tem o privilégio de poder ser expressar através das palavras e isso não seria possível sem os articuladores. Articulação é a transformação da fonação em estrutura e sentido, a pronuncia nítida e natural das sílabas, formando palavras e frases reconhecíveis. Os articuladores – língua, lábios e maxilar – não se movem na sustentação do som, a participação deles é no começo e no final do som. Devem ficar sempre livres, flexíveis e energéticos, para não cansar rigidez e tensão excessiva.
Na junção de vogais e consoantes, palavras são formadas. O som vocal é carregado somente pelas vogais, ou seja, o tom de uma vogal para outra numa linha contínua de som. As consoantes, ao contrário, cortam o fluxo do ar soprado interrompendo a linha das vogais, fazendo com que as palavras sejam reconhecidas.
A pronuncia correta é essencial para comunicação, por isso, devemos primar pela boa dicção na hora de falar, como também na hora de cantar. Pense em movimentos rápidos e positivos (como se estivesse mastigando com exagero). O canto transmite um elemento de comunicação verbal primordialmente por causa dor articuladores, constituindo a grande diferença entre a voz humana e os outros instrumentos.
POSTURA
O espelho é o nosso melhor crítico e professor. Todo treinamento em canto deve ser conferido de vez em quando na frente do espelho. Principalmente a postura.
A atitude mental é muito importante no canto, e aqui vão algumas palavras que poderão sugerir boa postura:
Adquirir hábitos de boa postura é bom por seis simples razões. Uma boa postura é menos cansativa, porque possibilita aos ossos sustentarem o corpo e os músculos, de forma que necessite do mínimo possível de esforço.
Uma boa postura coloca automaticamente o mecanismo de respiração na sua melhor posição para trabalhar. A respiração fica melhor e mais fácil de ser feita.
Uma boa postura lhe dá melhor aparência.
Uma boa postura coloca o mecanismo vocal em sua melhor posição, possibilitando a produção de um bom som.
Uma boa postura lha faz sentir melhor fisicamente e também mentalmente proporcionando uma melhor confiança em si mesmo.
Uma boa postura é benéfica para saúde em geral e bem-estar às diversas partes do corpo, que poderá funcionar melhor.
INTERPRETAÇÃO
Interpretação é o aspecto da música que se resulta da diferença entre a notação, que preserva um registro da música, e a execução, que dá vida sempre renovada a experiência musical. Tradicionalmente desde o período Romântico (séc. XIX), a interpretação era dependente da visão que intérprete tinha da obra e de sua capacidade para apresentar esse visão de forma plausível a uma platéia. Mais recentemente tem sido encarada abrangendo uma compreensão geral da obra do compositor, face às convenções de notação e execução de sua época.
Os evangélicos relutam em entender e aplicar os recursos de interpretação em suas apresentações por considerarem que estes denigrem a proposta inicial da canção no culto. Entendem que a interpretação coloca o intérprete numa atitude de estrelato, de superioridade aos demais. Isto pode ser fato em algumas realidades, porém na maioria das vezes, quando o cantor ou instrumentista utiliza desses recursos, alcança melhor o objetivo de transmitir a mensagem de salvação, consolo e exortação.
O envolvimento emocional com a peça a ser executada, o conhecimento geral da letra e de seus momentos importantes e principalmente, o controle corporal de certos maneirismos e erros habituais são alguns recursos ou preocupações da interpretação. Veja mais:
Olhar – Olhar para o público enquanto canta dá veracidade a mensagem e torna o cantor um compartilhador de experiências. Olhos fechados pode ser indicação de espiritualidade, oração ou sofrimento. Porém o cantor que utiliza desse recurso perde o contato visual com a platéia que juntamente com a melodia é tão envolvente como a própria letra.
Mãos – Muitos cantores sem terem o devido cuidado com os gestos, acabam interferindo na mensagem que cantam. Gestos demais como gestos de menos são prejudiciais.
Pernas – Existem cantores que são verdadeiros equilibristas, balançam demasiadamente e tornam um canto um exercício físico. As pernas são o apoio do corpo e devem estar flexíveis, porém imóveis o maior tempo possível durante a apresentação.Deslocar-se muito enquanto cantar pode ser sinal de insegurança, despreparo e nervosismo. Andar chama atenção para si.
Face – Deve ser menos caricaturesca possível. Pode-se falar de dor, sem necessariamente fazer cara de quem está com dor. Vivenciar o que se cantar com naturalidade e sem exageros.
DICAS PARA O USO DO MICROFONE
Use o pedestal sempre que quiser bater palmas ou expressar-se com as duas mãos. Colocar o microfone embaixo do braço não é muito bonito!
Às vezes é bom imaginar que você está sussurrando na orelha de alguém, aproximando mais o microfone de sua boca, o que dá um efeito diferenciado na voz.
Cuidado com choques! Cante com sapatos de sola de borracha e não encoste em partes de metal do púlpito, para não ter a desagradável sensação de um choque nas mãos ou na boca.
Se for possível, compre um bom microfone e carregue-o com você.
Certifique-se do tamanho do cabo e deixe-o disponível para que você possa se mover livremente, senão ele cruza com outros cabos e a coisa vira um “macarrão da mama”.
O microfone é a única coisa que te separa do público, portanto, não o use como escudo. Ele não está ali para te esconder, mas sim para mostrar a sua voz.
Nunca aperte o microfone com toda a força como se fosse dar um soco em alguém, pois esta força vai tencionar seu braço e, automaticamente, seu ombro e pescoço. Segure-o levemente, sentindo seu peso e deixando o cotovelo próximo ao corpo.
Inverta o microfone de uma mão para outra, para que você tenha mais liberdade na sua interpretação.
Sempre antes de cantar equalize o microfone com o timbre originial de sua voz, sempre procurando obter o som mais próximo.
Mantenha sempre uma distância regular de três dedos do microfone. Caso você cante com mais volume afaste-o um pouco.
Mantenha-o sempre apontado para a sua boca. Os microfones tradicionais de voz são unidirecionais (captam melhor o som quando você canta diretamente nele). Portanto, não fique virando-o para os lados. Tome um especial cuidado para não abaixá-lo em direção ao retorno (aquela caixa de som na sua frente), para que ela não apite.
MICROFONES
Microfones sem fio – Existem dois tipos de transmissão em sistemas sem fio: a UHF (Ultra High Frequency) e a VHF (Very High Frequency). Não é novidade dizer que a primeira possui uma transmissão melhor e que dificilmente trará problemas. Mesmo assim, verifique se existem outros microfones sem fio ligados ao mesmo tempo, e teste-os para evitar interferências. Circule pelo palco cantando ou falando continuamente, antes da apresentação, para checar se há algum ponto de corte na transmissão. Se você encontrar este ponto, não pise nesta área durante a sua apresentação.
O uso de microfone de cabeça (headset) estilo madona, só é indicada para vocalistas que possuem um grande domínio de sua voz, uma vez que não terão como usar o efeitos de proximidade e afastamento.
Os microfones são sujeitos a uma quantidade incrível de maus tratos, especialmente em situações que envolvem muitos usuários. As grades de proteção (globo) e as espumas antipuf podem ficar saturadas com saliva ou entupidas de batom. Limpar o microfone, além de melhorar sua performace, é também um bom hábito de higiene. FALE COM O TÉCNICO DE SOM.
TRANSFORMANDO O MEDO DO PALCO
Cultive uma atitude entusiasmada em dividir a alegria de cantar com o público.
Se você cantar com prazer, não acumulará nervosismo e tensão.
Evite provar o quanto é fantástico.
Não escolha uma canção que não goste, mesmo que ela seja um sucesso nas rádios.
Cante músicas que você sente que executará com facilidade (técnica e emocional)
Conheça todos os detalhes da música. Ouça o play-back, sinta a música.
Ensaie a canção até ter a confiança de que ela foi aprendida.
Chegue antecipadamente no local da apresentação e relaxe.
Quanto mais vezes você cantar, mais rápido conseguirá dominar o medo do palco.
Controle as tensões e distrações.
ESTILO
Para se adquirir um estilo próprio ou até mesmo ter a capacidade de executar uma peça em um estilo determinado (jazz, soul, pop, rock, balada, baião...) é necessário experiência, amadurecimento musical e seguir alguns passos.
Ouvir analiticamente diferentes cantores que executam bem o estilo pesquisado e verificar as características mais marcantes: recursos vocais, variações rítmicas, improvisação, colorido sonoro.
Entender como são produzidos os sons e reproduzi-los respeitando seus limites.
Adaptar os recursos pesquisados acrescentando-os ao seu repertório em pequenas doses a partir de uma técnica vocal racional (respeitando os sinais de abuso vocal).
Exteriorizar o estilo corporalmente.
Ressaltar as características já existentes na sua voz valorizando as possibilidades confortáveis.
Procurar uma opinião externa confiável e imparcial.
RECURSOS VOCAIS
A voz é o instrumento mais rico de recursos sonoros que existe. Estes recursos podem ser grandes aliados para o cantor, que deve ser um eterno pesquisador de sons vocais. De acordo com o estilo, aumentam as maneiras as quais se podem produzir um tom. No canto lírico isto é chamado de coloração tonal e timbrística. É importante lembrar da prudência na utilização de certos recursos, para que o canto não se torne um momento performático, incompreensivo e pior, dolorido.
Falsete – produção de um som falso; a voz perde o volume e timbre mas ganha em extensão. Produzido através de um processo de afrouxamento das pregas vocais e aumento da pressão de ar sobre elas. O alerta é que o abuso deste recurso pode trazer cansaço vocal, ressecamento das mucosas, tensão nos músculos do pescoço, dores e até rouquidão.
Belting - som dos corais Gospels Americanos. A voz bem clara e brilhante, podendo soar às vezes atém bem gritante. É um recurso natural para alguns, porém para outros, exige-se muito da laringe onde é produzido os sons ricos em harmônicos agudos. Para compensar esse esforço é necessário bastante apoio respiratório/diafragmático e relaxamento dos músculos do pescoço.
Nasalidade – O local explorado é a nasofaringe, região acima de palato, detrás das narinas. Local utilizado por muitos cantores, na busca da ressonância dos sons agudos. O atraso da nasalidade pode vir a auxiliar na produção de um som médio e na clareza de certas palavras.
Vibrato – Ele tem uma importância estética evidente, porque dá a voz riqueza expressiva, leveza e poder emocional. Ele se caracteriza por ondulações da freqüência do som, sincronizadas com a intensidade e a altura (tonalidade) do som. Quando a freqüência dessas ondulações é acelerada o vibrato torna-se trêmulo (voz caprina), que é extremamente desconfortável para o ouvinte, e indica falta de apoio respiratório/diafragmático. Uma voz sem vibrato (branca) é achatada, inexpressiva e sem calor humano. Voz infantil.
Intensidade, Volume ou Dinâmica – assim como um pregador varia a intensidade de sua fala para tornar a sua mensagem interessante e prender a tenção do ouvinte, o cantor precisa variar também a intensidade de sua voz no canto: explorando frases ou palavras mais importantes, destacando um momento específico da música ou descansando após um agudo.
REGRAS: Quanto menor a intensidade da voz, mais articulação ela deve ter. Não executar esse efeito no início ou meio de palavras.
Variação no timbre – de todos, este é o recurso que exige maior pesquisa e dedicação do cantor interessado em aprimorar a qualidade do som de sua voz. Pode ser utilizada em cada palavra ou emc asa sílaba. Cada estilo musical impõe uma maneira de produção vocal e o cantor precisa entender com isto acontece, para que possa reproduzir os sons, respeitando obviamente os seus limites. Pense num cantor lírico executando um samba operísticamente, ou um sambista cantando uma ópera. Não soaria incompatível?
Portamento e Cromatismo – São efeitos vocais que são executados antes de atingir a nota original da melodia. Exige bastante destreza do cantor, pois pode aparentar semitonação se for mal executado. Deve-se ter cuidado com o “golpe de glote” que é extremamente prejudical às pregas vocais.
REGRAS DE OURO DA BOA VOZ DE UM CANTOR
1. Nunca cante quando não estiver em boas condições de saúde.
2. Use roupas confortáveis
3. Mantenha-se sempre hidratado.
4. Aqueça e desaqueça a voz antes e depois das apresentações.
5. Ensaie suficiente para ficar seguro quanto ao texto, melodia e controle da voz.
6. monitore sua voz durante os ensaios e apresentações.
7. Lembre-se que um certo nervosismo mobiliza positivamante a apresentação.
8. Evite locais barulhentos antes e depois das apresentações (competição sonora).
9. Cuide da alimentação.
10. Nunca se auto-medique.
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SOUCHARD, Ph.-E. O Diafragma: Anatomia, Biomecânica, Bioenergética, Patologia, Abordagem terapêutica. Summus Editorial, Rio de Janeiro.
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WEIL, Pierre & TOMPAKOW, Roland. O corpo fala: a linguagem silenciosa da comunicação, Editora Vozes, Petrópolis, 1986.
: Telefones: 3459.9773 / 9666.5078 / 8173 0444