terça-feira, 7 de abril de 2009

REGÊNCIA





"Quando as pessoas tiverem aprendido a amar a música por elas próprias,
quando ouvirem com outros ouvidos,
o seu prazer será de ordem bem mais elevado e mais potente,
o que lhes permitirá então apreciar a música num outro plano
e lhes poderá revelar o seu valor mais intrínseco."

Igor, STRAWINSKY


INTRODUÇÃO

No Brasil, o maestro depara-se com um grande número de dificuldades. Entre elas estão a falta de preparo dos maestros e a distância a que se encontram dos grandes centros onde existem cursos..
No dia-a-dia, tenho observado as dificuldades que os regentes encontram para superar certos obstáculos e questões ligadas ou não ao gestual do maestro.
Como hoje em dia a visão do maestro é mais abrangente, ele deve possuir outros conhecimentos além do gestual. Dessa forma, ele poderá estabelecer critérios e normas, por exemplo, para um certo espetáculo acontecer ao ar livre. Infelizmente, os livros disponíveis no mercado, tanto em língua portuguesa quanto em outros idiomas, trazem abordagens muito específicas do gestual da regência, de técnica vocal, de assuntos médicos ligados à voz, etc., conhecimentos indispensáveis a qualquer maestro, mas não abordam temas que, na vida real, também são tão importantes.
Na maior parte das vezes, o maestro aprende seu métier no dia-a-dia do trabalho; descobre como fazer, fazendo. Comigo aconteceu assim em diversas áreas, e, com toda a certeza, isso acontece a todos os maestros, inclusive maestros de orquestra.
Quando concluímos um curso de regência, achamos que sabemos tudo o que é necessário para dirigir um coro ou uma orquestra, mas nesses anos de atividade como maestro profissional, cheguei à conclusão de que não é bem assim. Há muitas áreas, como o palco e suas características, o tipo de iluminação apropriada para uma apresentação musical, as técnicas variadas do canto para cada situação e para cada voz, cuidados ligados às áreas médicas, entre outros temas, que fogem ao domínio do maestro, pelo menos em parte.
O material que segue foi baseado nos conhecimentos académicos adquiridos ao longo de anos de estudo e na experiência dos anos de atuação em diversos tipos de corais em igrejas, empresas, universidades, escolas regulares, conservatórios e em teatros profissionais.
Essas informações, são apenas uma abertura para o início de um interminável caminho. Ninguém deverá utilizar este material como um ponto final em seus conhecimentos. Todos os tópicos tratados aqui são como um pequeno mapa que indica o caminho e ajuda o maestro durante seu trabalho.

A ARTE DE REGER

A arte de reger não é só o "abanar das mãos" diante de um coro ou de uma orquestra. Hoje, o trabalho é muito mais abrangente e exige do maestro talento, sensibilidade, cultura geral, conhecimento musical, domínio das técnicas de regência e ensaio, conhecimento das principais técnicas de emissão vocal, noções básicas de acústica, conhecimentos básicos de iluminação, cenários e utilização dos espaços, entre muitos outros pontos.
Um outro aspecto essencial para o maestro e que se torna uma condição indispensável, sem a qual ele não pode exercer sua atividade, é a arte de liderar. Entre todos os aspectos necessários ao bom desempenho de sua atividade profissional, esse é um dos pontos mais importantes. Um maestro que não possui essa qualidade está predestinado ao fracasso, pois a liderança é essencial para o trabalho do regente.
É indispensável ao maestro de coro possuir uma boa formação vocal.


Mas por que o maestro deve ter essa formação se ele não é cantor?


A resposta é simples: como ele trabalha com cantores, deve conhecer os principais mecanismos da emissão vocal. Além disso, o músico que ele dirige utiliza um instrumento extremamente sensível, que não pode ser levado para um lutier consertá-lo. Se o maestro não tiver conhecimentos suficientes pode prejudicar a capacidade vocal de um cantor para sempre.
A atividade de regente também requer o domínio de um instrumento de teclado, como o piano ou o órgão. Sem esse conhecimento, o profissional encontrará dificuldades em seu estudo pessoal e em seu trabalho.
O maestro também deve dedicar muitas horas à pesquisa e à atualização de seus conhecimentos. Para avaliar as dificuldades próprias da profissão, seria interessante que o regente participasse de um grupo como coralista. Muitos regentes que não possuem essa experiência tratam os coralistas de maneira incorreta, exigindo deles o que muitas vezes ele não sabe e não conhece.

DISCIPLINA E CORDIALIDADE

O relacionamento entre o maestro e os cantores deve aliar profissionalismo e cordialidade. Muitos maestros acham que com humilhação conseguem obter os resultados esperados. Por vezes até conseguem, mas essa não é maneira correia de se trabalhar. O regente não deve perder de vista que os cantores são colegas de trabalho dos quais ele depende e que, assim como ele, desejam atingir os melhores resultados.


Isso quer dizer que o maestro deve permitir que aconteça tudo durante os ensaios e as apresentações?


Não, de forma alguma. O maestro deve ter pulso firme e chamar a atenção, com energia, sempre que necessário ou até mesmo punir, mas sempre tendo como limite o respeito e a consideração a um colega, um profissional, assim como ele. Muito se consegue com educação, respeito e profissionalismo. Tenho certeza de que o maestro que consegue produzir um ambiente de respeito mútuo alcançará desempenhos superiores aos daqueles que destratam seus companheiros de trabalho.

HABILIDADES ESSENCIAIS À UM REGENTE
· Escolha de repertório
· Estudo da partitura
· Estilo Musical
· Comunicação não verbal
· Técnicas de ensaio
· Conhecimentos vocais


REGÊNCIA
(Dicionário de Música – ZAHAR)

Arte de dirigir uma orquestra, coro, balé ou ópera durante os ensaios e as apresentações públicas. Quando rege uma obra instrumental, além de marcar o tempo para garantir que todos os executantes comecem e permaneçam juntos, o maestro é responsável pelo andamento em que a peça é tocada e pela manutenção do equilíbrio no volume de som produzido pelos vários grupos de instrumentos, cabendo-lhe ainda assegurar que a entrada de solistas ou grupos de instrumentos ocorra exatamente no momento certo e que sejam obedecidas as nuanças de acento e fraseado.

Em suma, o regente controla o som produzido pelo conjunto, tal como o instrumentista controla o som produzido por seu instrumento. Os métodos usados pelos regentes para realizarem essa interpretação, varia desde o uso aparatoso, ginástico e exuberante de gestos e movimentos faciais até o circunspecto e austero aceno de cabeça.



O papel do regente como maestro só surgiu em data relativamente recente. Originalmente, as funções de regência eram desempenhadas pelo líder do grupo como o primeiro “entre iguais”- papel que usualmente cabia ao primeiro violino ou a um tecladista.


MAESTRO
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre

O papel do maestro, regente ou condutor é dar uniformidade a um grande contingente instrumental ou vocal para que todas sigam o tempo, a dinâmica e o andamento indicado na partitura, pois sem ele cada músico ou cantor perderia a marcação do tempo em relação aos outros. Em síntese, ele é o chefe do grupo, aquele que dita as ordens, impondo na maioria das vezes a sua "interpretação" à obra musical.


Porém a figura do maestro ditador, prepotente e arrogante vem entrando em decadência a um bom tempo, e as grandes orquestras do mundo vem preferindo assim regentes que se coloquem no mesmo nível dos outros integrantes da orquestra, sabendo que eles estão ali juntos para fazer música e não impor ordens.

MAS AFINAL: PARA QUE SERVE O REGENTE?
Editora Moderna On Line

Embora seja admissível, e até esperado pelo senso comum, a presença de um maestro, geralmente de casaca, gesticulando energicamente diante de um grande grupo de instrumentistas ou cantores, é difícil encontrar um cidadão de cultura mediana - afirmo-o por constatação empírica - que saiba explicar exatamente qual o papel de um maestro e a necessidade insubstituível de sua presença.



Afinal de contas, se os músicos sabem tocar seus instrumentos e se a música está escrita com precisão na partitura, com todas as indicações que o compositor julgou necessárias para sua execução, então, que diferença poderia fazer para o resultado final de um concerto a intervenção de um outro elemento?



O que os músicos fazem, assim como os atores e todos os artistas, é aplicar seu preparo técnico específico sobre uma obra de arte previamente definida (há exceções, como composições em tempo real e improvisos), buscando transmitir alguma coisa que afete o público.
A importância da música não está nas notas musicais, mas sim naquilo que deve ser transmitido através delas.


LEITURA BRANCA x LEITURA COLORIDA

Em uma obra erudita, ou clássica, se preferir, executar as notas certas do jeito certo é sem dúvida a obrigação de todo músico merecedor desta designação. Porém, entre a leitura competente das notas e a interpretação artística plenamente realizada existe um mundo de diferenças. Estas diferenças dizem respeito, basicamente, ao andamento, dinâmica e articulação de fraseado.

Andamento


É a velocidade de execução da obra, que pode variar do Adágio Molto (muito lento) ao Prestíssimo (muito rápido), passando por uma ampla gama de indicações intermediárias. Embora existam referências aproximadas, definidas em tempos de contagem por minuto, as velocidades na música não são absolutas, e um intérprete pode realizar seu andamento lento com uma rapidez que seria questionada por outro colega que pensasse diferente.

Dinâmica


É a maneira como determinadas notas ou passagens são acentuadas com mais ênfase (tocadas com mais ou menos força) que outras, e também das variações graduais de intensidade (crescendos e decrescendos). Ao domínio da dinâmica pertencem termos indicativos - mais ou menos objetivos, assim como os de andamento - como Fortissimo (muito forte), Piano (contido e não fraco) e ampla gama de nuanças.

Curiosamente, as mudanças de velocidade (portanto, de andamento) no decorrer da música são chamadas pelos músicos de variações de dinâmica, embora haja um termo específico, e hoje em desuso, para denominá-las: seriam variações de agógica.

Articulação


Seria a maneira de se destacar, pelo "ataque", sustentação e prolongamento de notas individuais ou trechos, elementos musicais significativos dentro de uma composição. Algo parecido acontece quando temos de soletrar nosso nome (forçamos aí uma articulação exagerada da fala) para que uma pessoa o compreenda perfeitamente.

Os parâmetros mencionados não são os únicos que determinam uma execução mais ou menos precisa de uma obra orquestral ou camerística, visto que há muitos outros, de ordem técnica e estética envolvidos. Eles se prestam a introduzir ao ouvinte não-iniciado quais os elementos estudados cuidadosamente pelos músicos e que distinguem o tocar notas da ação de fazer música.

O papel do regente é unificar a interpretação, definindo como ela deve ser executada e assegurando-lhe a personalidade de sua concepção pessoal. Assim, a mesmíssima obra, executada por dois regentes, pode apresentar um caráter extremamente distinto, assim como um mesmo personagem, por exemplo, Hamlet, de Sheakespeare, pode ser representado de maneira absolutamente distinta por atores diferentes.

VOCÊ SABIA… que a batuta, o bastão empunhado pelos maestros, derivou de um rolo de partituras com que os compositores, geralmente a partir do teclado, marcavam o andamento da peça, para que todos os músicos enxergassem e tocassem certo


ENTREVISTA


com o maestro Marcelo Lehninger
opiniaoenoticia.com.br

- Que ensinamentos considera mais importantes entre os que lhe têm sido passados por seus mestres?


M.L.: Estar 100% preparado para pisar no pódio. Se não conhecer muito bem o texto musical... não reja!Aprender que se você estiver se achando muito bom, provavelmente não é! A autocrítica tem que acompanhar um regente pelo resto da vida! Ser humilde e aberto para criticas e novas idéias, mas ter convicção da verdade que você quer passar para a orquestra e para o público. A sua verdade e a do compositor, evidentemente. Saber como inspirar os músicos. Já toquei violino em orquestra e sei como é frustrante quando isso não acontece. No final de tudo, aprender a ter paciência, pois não é uma carreira fácil!



- Qual a importância do gestual para você? Como apreende essa necessidade da comunicação gestual com os músicos? Como tem desenvolvido sua prática neste sentido? O que lhe pede e/ou propõe o seu corpo no fazer musical?


M.L.: Temos que saber reger. Esta é a nossa obrigação! Você pode estudar durante toda a sua vida e ser um grande músico, mas não reger bem. É o caso de muitos compositores que regem suas próprias obras. Muitas vezes (nem sempre), são ótimos compositores e péssimos regentes! Para isso, existem diversas técnicas que funcionam. Insisto: alem de saber a música na cabeça, o regente tem que saber como transmiti-la gestualmente para a orquestra (ou coro). Isto inclusive ajuda a ganhar a confiança e o respeito dos músicos. Nada pior do que um regente que pára durante um ensaio para pedir que uma determinada nota seja tocada em pianíssimo. Podemos mostrar isso com as mãos.


O que está por trás dos gestos do regente
Angelino Bozzini
Publicado na Revista Weril n.º 120



Quando o regente possui uma técnica clara e refinada, pode trabalhar à frente de qualquer grupo, conseguindo transmitir suas idéias musicais a todos os músicos, conhecidos ou não, através de seus gestos.
Vamos analisar os princípios básicos da técnica empregada pelo maestro na arte de traduzir pensamentos musicais através de gestos e expressões. Os níveis da regência Podemos dizer que o ato de reger acontece em vários níveis distintos:


1. No mais imediato, os gestos do maestro devem indicar ao músico quando e como tocar.



2. Num segundo nível, ele deve frasear o discurso musical, conseguindo dar a cada frase sua inflexão adequada, destacando-a dos acompanhamentos.



3. Do ponto de vista mais elevado, ele deve ser capaz de articular a forma da música, conseguindo estruturar o jogo formado entre a apresentação, desenvolvimento e conclusão dos temas musicais presentes em cada obra.



Infelizmente, a grande maioria do regentes não ultrapassa o primeiro nível, muitos sendo capazes apenas de indicar o quando, sem mais nenhuma indicação expressiva; são os chamados "batedores de compasso". Esses poderiam ser facilmente substituídos por um metrônomo, como no filme "Ensaio de Orquestra" do diretor italiano Federico Fellini.



Vamos analisar em detalhes cada um desses níveis.



A marcação do pulso musical
A primeira coisa que os gestos do regente devem indicar é a pulsação do ritmo. O tempo musical não transcorre imutável e constante (pelo menos até Einstein surgir) como o cronológico. Ele pulsa e varia como nosso coração.
Assim, bater os compassos é um gesto pulsante. Por mais lento e legato que um trecho possa ser, os braços do maestro nunca traçam um desenho frio no espaço, mas pulsam com vida de um tempo a outro.
Embora até uma criança possa imitar a aparência dos gestos do regente, conseguir um gesto que seja ao mesmo tempo vivo e preciso não é uma tarefa tão simples. Seu domínio exige uma trabalho consciente e dedicado, similar ao do bailarino para andar com leveza e graciosidade.



A intensidade
Uma das características do som que é fundamental para a expressão musical é a intensidade, ou seja: os contrastes entre forte e piano. O maestro deve com seus gestos conseguir indicar claramente para cada naipe ou músico individual a intensidade com que eles irão tocar. Seus gestos devem ser capazes de destacar as idéias, que são os personagens do discurso musical, dos seus acompanhamentos, que são os cenários.



As articulações
As diferentes articulações: staccato, legato e marcato, por exemplo, são uma forma de se obter diferentes texturas sonoras. Os gestos do maestro devem ser capazes de indicar claramente essas diferentes articulações, recriando um tecido sonoro vivo para a expressão musical.



As entradas e os cortes
Embora todo músico de conjunto, seja ele qual for, deve, como parte de sua formação, saber contar e reproduzir corretamente o ritmo da partitura, na prática o relógio interno de cada um nem sempre está perfeitamente sincronizado com o de seus colegas. Um dueto executado conjuntamente por dois cantores localizados em lados opostos do palco possivelmente não começará ao mesmo tempo, se não houver uma indicação clara e explícita por parte do regente. Da mesma forma, o final de uma frase pode ficar fragmentado se não for dirigido pelo regente. Gestos para entradas e cortes fazem parte dos movimentos básicos da técnica de regência. Quanto mais claros eles forem para os músicos, mais clara será a expressão musical.

O fraseado
Você já foi a alguma conferência onde o palestrante lê seu discurso do começo ao fim num mesmo tom sem inflexões? Assim são muitos concertos musicais. E, mesmo que cada instrumentista individualmente se esforce para frasear sua parte, se não houver o fraseado do maestro para o conjunto, tudo soará monótono.
Com exceção de alguns estilos musicais do século XX, quase toda música existente tem seu fraseado fundado sobre o fraseado da fala. E, como na fala, cada frase tem um começo, um meio e um fim. É só quando quem fala consegue articular nitidamente cada frase, deixando claro para o ouvinte o começo e o fim de cada idéia, que o discurso como um todo pode ser compreendido.
O discurso musical funciona da mesma forma. A música, além de sentida, também precisa ser entendida e, para que isso seja possível, deve ser correta e expressivamente articulada e fraseada. O maestro necessita encarar o conjunto de instrumentistas como um único instrumento, e é nesse que deve ocorrer sua interpretação. Se não houver o controle centralizado na mão do maestro, teremos somente um grupo de pessoas tocando ao mesmo tempo, porém sem unidade e com um resultado de execução ininteligível.



A concepção da forma
É neste nível em que se distinguem os "maestros normais" dos "grandes maestros". Reger um obra é uma coisa; construir uma concepção própria e conseguir expressá-la é outra muito distinta. A música é uma arte na qual os criadores têm à sua disposição um sistema de notação muito claro e preciso, com o qual podem ser grafadas as idéias musicais mais sutis. Por isso, pode parecer para muitos que bastaria respeitar exatamente as indicações dos compositores nas partituras, e as obras estariam fielmente interpretadas. A verdade, no entanto, está muito longe disso.
Mesmos nos melhores corais do mundo, aqueles que poderiam cantar sozinhos de tão precisos que são, é necessário as mãos de uma maestro para dar o "sopro divino" que cria a alma e origina a vida da música.


A formação do regente
O regente deve ter, primeiramente, uma sólida formação musical. Precisa conhecer a teoria da música, a harmonia, o contraponto, as formas musicais e a história da música, além de ter um bom treinamento em percepção e solfejo.
Além dos conhecimentos da linguagem da música, é preciso dominar as características e peculiaridades sonoras da voz humana, quando trabalhar com coros e solistas vocais. Essa base permite que, a partir da partitura, o regente possa formar uma imagem musical da obra clara e rica em sua imaginação.
A partir do momento em que essa imagem ideal da obra tenha se formado em sua mente, a técnica possibilitará que ele dê vida à sua imaginação, através da orquestra, materializando sua concepção sonora.



Conselhos preliminares
Não faça mais gestos do que o necessário
para transmitir uma idéia. Você irá confundir em vez de esclarecer;
Encontre o eixo vertical de seu corpo. Mantenha-o vertical e deixe seus gestos irradiarem desse centro;
Dê unidade aos seus movimentos. Se, ao bater um tempo, você articular batuta, pulso, cotovelo, ombro, cabeça e tronco, os músicos terão muita dificuldade em entender qual dos movimentos está indicando o tempo.
Não tente substituir a clareza de seus gestos pela sua expressão facial. Embora ela possa ajudar a acentuar a expressão de determinados trechos, não se rege com a face.
Acredite no poder expressivo dos gestos! Não tente reforçá-los com outros movimentos. Isso seria redundante e desnecessário.
Autoridade e humor são coisas distintas. Não tente impor sua autoridade pelo mau humor. A competência costuma levar a melhores resultados nessa área.
Fale o mínimo necessário. Um ensaio não é uma palestra nem uma aula expositiva. É um trabalho coletivo que tenta recriar a concepção musical de um indivíduo.
O ideal é reger de cor. Caso isso não seja possível, use a partitura apenas como uma referência. Seu olhar deve manter um contato direto com o dos músicos. Essa é a principal forma de manter o controle e a unidade psicológica da orquestra.
Cuide do seu corpo! Relaxe sua musculatura! A linguagem da regência é simbólica. Para indicar um forte, basta fazer o gesto adequado, não precisa contrair toda sua musculatura para isso. Se você estiver usando seu corpo corretamente, sentir-se-á revigorado ao final de uma apresentação ou ensaio. Caso sua sensação seja a de que um trator lhe passou por cima, pode ter certeza de que não está usando seu corpo adequadamente.
Seja explícito, não dê margem à comunicação equivocada. Se a telepatia é possível, ela não é um pré-requisito para um músico. Portanto, não espere que os músicos adivinhem suas idéias. Mostre-as claramente através de seus gestos!
Cultive sua riqueza interior. Um maestro deve ser admirado pelos músicos por sua humanidade e não somente respeitado por sua autoridade. Seu verdadeiro trabalho inclui muito além de notas afinadas e ritmos corretos.



A "Aura" sonora do regente
Finalizando, vale a pena falar de um fenômeno interessante: a "aura sonora" do regente. Ao amadurecer sua imaginação musical e aperfeiçoar sua técnica, o maestro cria no seu espírito um mundo sonoro próprio, impregnado com sua marca pessoal. Essa aura o acompanha aonde for, independente dos música que esteja regendo.
Assim, da mesma forma que um bom instrumentista tira o "seu" som, qualquer que seja o instrumento que esteja em suas mãos, o bom maestro faz o mesmo com cada coro que reger.

Nenhum comentário: